28.1.07

Dimensão missionária do celibato pelo reino:

CAPÍTULO XV

CELIBATO-VIRGINDADE “PELO REINO DE DEUS”:

AMAR “COM TODO O CORAÇÃO


III. As quarto dimensões do celibato pelo Reino de Deus.

O celibato ou a virgindade pelo Reino de Deus é um aspecto que tem sido decisivo e definido na vocação da vida monástica ou religiosa, desde as suas origens. A aliança com Deus vive-se também na Vida Religiosa. A missão é também um compromisso tão sério como formar a família do reino que por ela se põe toda a afectividade e corporeidade ao seu serviço. Esta aliança pede-nos: “amar a Deus com toda a nossa interioridade, com o centro da nossa existência, com a nossa intimidade e com toda a nossa afectividade”. A primeira comunidade cristã, entendeu que o amor de Deus com todo o coração, traduz-se num amor comunitário e fraterno, que nos leva a ter todos “um só coração”. Isto é, um amor com todo o nosso coração voltado para os irmão e irmãs, donde manifestamos o nosso amor a Deus.

O celibato evangélico não é unicamente continência sexual, amor que se entrega e é capaz de dar a vida pelos que ama. È um amor que não forma uma família, um amor que surge de uma sedução. O amor com todo o coração verifica-se na Vida Religiosa em três dimensões: missionária, comunitária e ecológica.

1. Dimensão missionária do celibato pelo reino:

ao serviço e cuidado da vida.

O celibato “pelo reino” não tem unicamente o reino de Deus como fundamento. É uma forma de serviço para a causa do reino. Assim entendeu Jesus na sua vida e na comunidade que fundou.

a)Célibes pelo amor aos outros.

O celibato de Jesus e o celibato do cristão não aparece como um celibato ascético, que tem como objectivo o autoaprefeicoamento; é um celibato para a relação, a missão.

Assim como a pobreza fez Jesus perto dos mais pobres, assim o celibato o aproximou aos solitários da terra. O celibato revela-se assim em Jesus, como um aspecto singular do seu amor preferencial para com os mais pobres; um amor que se deixou marcado na sua própria carne. O que os outros eram por necessidade, ele foi por amor.

Jesus proclamou com o seu celibato que todo o homem, é chamado a formar uma única família dos Filhos de Deus. O celibato de Jesus continha uma provocadora força politica. Opunha-se a uma sociedade fechada, exclusiva e discriminatória.

b) O celibato como forma de opção pelos mais pobres e solitários.

Como seguimento de Jesus, o nosso celibato é também um modo de disponibilidade para trabalhar pela justiça, pelo amor, pela paz e fraternidade, pelos grandes valores do Reino.

O celibato-virgindade coloca em cada um de nós e em cada comunidade uma impaciente inquietude, que nos leva a comprometermo-nos até a morte para “que se reúnam os filhos de Deus dispersos”. Quem professa o celibato-virgindade evangélica sente-se afectivamente perto dos grupos marginais da sociedade.

O celibato pelo Reino é uma forma de superar o temor ao sexo oposto como tentação, para recuperar como companheiro ou companheira na missão libertadora do Evangelho.

O celibato pelo Reino supõe optar evangelicamente pela libertação do povo, e resgatar os oprimidos.

O celibato da virgindade pelo reino tem uma iniludível / evidente força profético-politica. Manifesta que o coração de Deus está, sobre todo, com os mais oprimidos dos seus Filhos para resgata-los e denuncia o poder do maligno.

O amor celibatário e virginal do reino inspira acções e iniciativas da generosidade em favor dos solitários e dos abandonados.

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