21.3.07

“CAMINHO DE INTEGRAÇÃO E DESINTEGRAÇÃO AFECTIVA”

CURSO DE FORMADORES
Fátima, 2007-02-05/09


Ø Algumas dificuldades na abordagem da temática:
- a sociedade não compreende a opção pela virgindade consagrada;
- são públicos diversos escândalos causados por pessoas consagradas;
- desistência de jovens religiosos/religiosas/padres;
- alguns tabus na abordagem da temática na formação.

Ø Diversas formas de encarar a castidade:
- algo penoso que é necessário suportar;
- um peso que é imposto a quem deseja consagrar-se a Deus;
- tema de que se tem receio de falar;
- ver a sexualidade como boa em si mesma, porque querida por Deus Criador;
- a sexualidade como capacidade de relação com os demais;
- a sexualidade é genitalidade, corporeidade e afectividade;
- castidade: energia consagrada ao serviço de Deus e do Reino.

Ø Visão da castidade na sociedade de hoje:
- apelo constante à satisfação imediata dos desejos;
- sociedade avessa à abnegação e à renúncia;
- positiva a queda de tabus que colocavam barreiras às relações interpessoais;
- valorização do corpo e da imagem da pessoa;
- sobrecarga de estímulos eróticos na sociedade: publicidade, comunicação social;
- renúncia e abstinência sexuais vistas como mutilação;
- dificuldade em aceitar o amor-gratuidade, relevando a satisfação;
- marcas light da sociedade: ausência de compromisso

Ø Vivência da castidade em confronto com a sociedade hodierna:
- viver uma castidade light, sem grande importância;
- sentir a castidade com castração/mutilação face à cultura do prazer/satisfação;
- viver uma castidade intermitente, com experiências de enamoramento/paixão;
- opção pela castidade por dificuldade da vivência do amor/comunhão com outro;
- opção pela castidade como fuga, complexo com o corpo/imagem;
- viver a castidade com dom de si mesmo, entrega a Deus, ao Reino, à Missão;
- assumir a castidade com consciência das limitações/tentações

Ø Imaturidade na vivência da castidade:
- falta de identidade sexual;
- dificuldade em aceitar a diversidade/alteridade – homossexualidade;
- dificuldade em sentir a sexualidade como algo natural;
- sintomas de analfabetismo afectivo;
- dificuldade em identificar sentimentos e estados de espírito;
- marcas de fixação afectiva, refúgio e negação de um amor universal;
- dificuldade de relacionamento com pessoas do sexo oposto, vistas como tentação;
- a pessoa a fugir de si mesma e dos problemas: refúgio no álcool e outros excessos;
- castidade estéril: não gera vida, não contribui para o crescimento dos outros;
- fecundidade desviada, fuga à relação, à vida comunitária e à missão;
- fecundidade temida: medo de se relacionar; boa observância, mas estéril.


Ø Vivência de uma castidade madura:
- da mera continência à renúncia por amor;
- valorização da renúncia: exercício activo da sexualidade, jogos eróticos,
amor privilegiado com uma pessoa, à paternidade/maternidade;
- castidade não é renúncia à amizade heterossexual;
- renúncia à actividade sexual, não à natureza do nosso corpo;
- não se renuncia à masculinidade/feminilidade;
- renúncia ao convívio de uma pessoa amada em exclusividade;
- renúncia a um amor concretizado na procriação;
- não há renúncia à amizade, ao amor, aos sentimentos;
- castidade assumida em liberdade: amar a quem se deve amar;
- consagrar-Se a Deus como único amor que verdadeiramente conta na
vida: viver a paixão por Deus e a paixão de Deus (os pobres, os marginalizados…);
- viver como pessoas transparentes e relacionadas;
- viver como pessoas inocentes (inocência que é pureza de coração, não ingenuidade);
- viver como pessoas coerentes e radicais: a opção feita reveste-se de dificuldade,
mas é para assumir com seriedade e radicalidade;
- vivência de um amor pobre: reconhecimento da própria fragilidade e das limitações,
em confronto com a grandeza do amor de Deus a que se consagra;
- vivência de um amor misericordioso, que perdoa, que quer bem aos inimigos;
- vivência de um amor pacificador: experiência da paz interior, testemunho de paz;
- vivência de um amor benigno e perseguido: capacidade para carregar a própria cruz,
ajudar os outros a carregar as suas ou carregá-las em vez deles.

Pe José Agostinho F. Sousa