18.12.06

Celibato "pelo Reino de Deus"

O seguimento de Cristo é a realidade primeira e o espaço onde se realiza o celibato, o qual é, em primeiro lugar, um dom do Espírito para viver o amor.
A sua força simbólica e escatológica dimana do facto de abrir o cristão à transcendência e ao Reino de Deus.
Uma definição de celibato: um carisma do Espírito que, suscitando a nossa liberdade, nos identifica com Jesus, célibe pelo Reino, e nos leva a amar com todo o coração.

O celibato pelo Reino de Deus como carisma e responsabilidade

A castidade é a virtude humana e cristã que nos permite viver a nossa realidade sexual de modo equilibrado e criativo.
É uma virtude para todos.
O celibato é uma forma especial, extraordinária e profética de viver a castidade. É um dom e uma tarefa.

I. O celibato como dom e como condição carismática

a) Decisão livre, motivada por uma realidade apaixonante
b) A sedução da beleza de Deus e do seu Reino

II. O celibato como resposta carismática: "eu faço voto de castidade"

a) A resposta responsável e livre ao dom primeiro
b) A integração do dom no próprio eu

A maturidade do celibato mostra-se na aceitação da própria sexualidade, na capacidade de tolerar certas frustrações, na autonomia relativamente aos pais, na disponibilidade para assumir responsabilidades, no discernimento dos próprios sentimentos e dos alheios, na disposição para o diálogo, no acolhimento das pessoas do outros sexo e no suficiente autoconhecimento.

14.12.06

A desintegraçao do amor na sociedade ocidentalcontenporânea

Capitulo 3 da obra A arte de AMAR de Fromm

Neste capitulo o autor fala essencialmente da desintegração do amor na sociedade ocidental contemporânea isto é de forma de vivência do amor que no fundo são formas viciadas do amor, são pseudo amor.
Ele faz uma analise da sociedade e mostra que ela assenta sobre duas realidades: A liberdade política e sobre a ideia do mercado.
A ideia do mercado influencia profundamente a sociedade. As coisas ganham valores porque procurado no mercado. A volta desta realidade desenvolve se uma hierarquia de valores em que o capital ocupa o primeiro lugar. Mais a concentração de capital da origem a uma administração burocrática. O ser humano não tem iniciativa, tudo depende da maquina burocrática. Esta situação aliena o homem, o desequilibra até na própria vivência do amor. Ele já não sabe amar, no entanto ele procura paliativo.
Para além desta dificuldade o autor apresenta outros problemas que decorrem de algumas experiências que não foram bem integradas, as chamadas situações neuróticas ou patológicas.
O autor acaba por dizer em jeito de proposta para uma melhor vivência do amor que o amor só é possível se as pessoas comunicarem a partir do centro das suas existências, ou seja se cada um viver centrado na sua existência. A realidade humana não existe senão nesta experiência central. É nela que está a vida, é nela que está a base do amor. O amor vivido desta forma, é um desafio constante, não é um refugio mas antes um movimento, um crescimento, um trabalho em conjunto.
to be continued....

11.12.06

"Deus é Amor", Carta Encíclica de Bento XVI (pequeno resumo sobre a parte do amor)

A palavra amor está muito banalizada hoje nos nossos dias.
Temos, assim, o amor em três acepções diferentes (que já vêm da Grécia clássica):
- Eros
- Filia
- Agapé
No Eros há uma relação entre o amor e o divino. Este Eros passa por uma purificação.
O Homem é unidual: corpo e alma, mas não como duas realidades opostas. O Eros quer levar-nos ao divino e para fora de nós próprios, mas através de um caminho de renúncias.
Na cultura não cristã, o Eros precisa de se unir ao Agapé.
Eros = amor possesivo (que sobe)
Agapé = amor oblativo (que desce)
Se ficarmos só numa destas dimensões, o amor passa a ser uma caricatura.
Assim, no conhecimento com o outro sexo há dois aspectos a ter em conta:
- A dimensão erótica: interesse próprio;
- A dimensão agápica: interesse pelo outro.
No Antigo Testamento o modo de Deus amar torna-se a medida do amor humano. Já no Novo Testamento temos uma concretização desse amor em Jesus Cristo. Somos, então, chamados a contemplar o lado aberto.
Desta forma, estar na presença de Deus é a união no corpo e sangue de Jesus Cristo.
A comunhão projecta para Deus e depois para todos os cristãos. A Eucaristia é o amor agápico que Deus nos dá.

"A arte de amar", Erich Fromm

Segunda etapa dos nossos encontros formativos: estudo do livro "A arte de amar" de Erich Fromm.
Como o próprio título indica, com este livro estamos a falar do amor e dos seus vários aspectos.
O “estudo” deste tema tem dado azo a discussões muito frutíferas nos nossos encontros: em primeiro lugar porque é um dos aspectos fundamentais dentro do tema geral deste trimestre, a castidade; em segundo lugar, porque é um dos temas mais pertinentes na sociedade de hoje, também porque muitas vezes não se sabe o que é o verdadeiro amor.
Em futuros posts vamos apresentar o resumo que cada um fez da sua parte do livro.

4. Será que Deus nos enganou ao dotar-nos de desejo?

É uma questão de orientação; naturalmente o homem está pulverizado pelo desejo sexual – no mito da criação da bíblia, os Génesis, porque o homem se sentiu só, deus criou Eva, a mulher, do lado de Adão. Mas nem todos têm de casar; quem se faz eunuco por causa do Reino, não são pessoas desfavorecidas, mas sim opções de vida, que contam com a ajuda da graça de Deus.
A Castidade passa pela orientação da energia vital que possuímos; enquanto que no casal, ambos se devem entregar totalmente um ao outro, no caso dos religiosos essa energia deve estar centrada para Deus.
Quando duas pessoas se amam e firmam uma aliança, embora ainda não esteja selada pelo matrimónio, não vejo inconveniente na relação sexual, mas poisar em várias flores que solicitem, isso é perverso.

3. Palavras. Mentiras convencionais.

A Castidade é para todos, mesmo para aqueles que se uniram pelo casamento. Dizem que quem professa os votos religiosos, nomeadamente o da castidade, fá-lo por incompreensão deste. Mas é patético afirmar semelhante coisa, pois ao renunciar-se a uma coisa, tem-se outra que pode ser melhor - positividade da escolha. Pode também acontecer ser-se mais experiência que os próprios não castos.
Mas viver castamente implica ter algumas concessões, como sejam, o auto-domínio das paixões, instinto regido pela sensatez da vontade, etc.

2. Pensamentos

Dizia o padre Dehon aos Noviços, como nos mostra os Cadernos Falleur, "relativamente à Castidade, que Ou se é, ou não se é."
O que nos distingue dos restantes animais é o pensamento. E este pode ser orientado. Somos donos da nossa vontade, podemos escolher situações, que se configuram positiva ou negativamente, ou para nós, ou em relação aos outros.
Os pensamentos sensuais em si não são maus; apenas realçam que possuímos imaginação, que sentimos. Mas, pelo contrário, a busca desenfreada do prazer é corrosivo e estúpido.
A ocupação com outras tarefas, na qual se privilegia a intelectual, reduz a ocorrência de pensamentos sensuais – distrai-te.
É preciso haver esforço, vontade e coerência de vida – não à pusilanimidade -; quem configurou a sua vida com Cristo, deve canalização toda a sua afectividade para Ele. Tentações podem ocorrer, e isso, ao serem ultrapassadas, torna-nos mais fortes.

1. Prefácio e Explicação preliminar

Todo o católico sabe que a busca desenfreada do prazer em pensamentos, desejos e, mais ainda, em actos sensuais, a sós ou com outros, é falta grave, muito mais se as pessoas tiverem comprometidos por vínculos.
A castidade é uma virtude para a qual é preciso formar a mente, desde jovem. Por isso, o livro presente dirige-se a essa camada da sociedade. É composto de três partes:
- primeiramente procura limpar terreno, afastar ideias confusas;
- para depois incidir na realidade humana natural, fruto da experiência;
- por fim, ascende a ideias mais espirituais [motivos e sanções espirituais].

O Homem possui um corpo e uma alma, por isso não se pode viver pensando e actuando como se não se tivesse o elemento natural. É por meio dele que se pode agradar a Deus.
Ora o corpo tem, inerente, vários instintos:
- o de conservação: comer e beber ou a necessidade de defender-se;
- o de propriedade : a procura de bens materiais;
- o de reprodução: o desejo de deixar descendência.
Todos estes instintos podem estar ordenados e subordinados pela recta razão, ou, negativamente, podem tomar o primeiro lugar, escravizando o homem, fazendo dele respectivamente, um glutão e/ou bêbado – sem domínio dos nervos, um cleptomaníaco, e um maníaco sexual.
O prazer sexual é algo bom, agradável, senão ninguém o praticaria; mas perante uma recta razão põem-se o dever moral: “isto causar-me-á prazer, mas as circunstâncias são indevidas; então não o farei!”
Qualquer confusão no campo da sexualidade - quer seja proceder como se não tivéssemos corpo; pensar que o instinto sexual é algo perverso; ter repugnância pelos actos sexuais – qualquer confusão pode levar a dois extremos opostos: ou a escrupulosidade ou a leviandade.

Contra Corrente (1º Encontrro: 6/ 10/ 2006)

Ao longo deste ano, em grupo, vamos reflectir sobre os Votos Religiosos (Castidade, Pobreza e Obediência).
Neste primeiro trimestre, iremos reflectir sobre o voto de castidade. O seu sentido bíblico, o modo como foi visto e vivido ao longo da história da Igreja mas principalmente sobre a nossa vivência concreta e o modo como se vê a vivência deste voto nos dias de hoje.
Esta primeira parte dos nossos encontros formativos desenrolou-se à volta do Livro: O MANDAMENTO DIFÍCIL de C. C. Martindale, SJ.
Assim, o primeiro encontro centrou-se na exposição dos primeiros capítulos do livro, para posterior debate. A apresentação destes capítulos foi dividida por alguns elementos, ficando um capítulo para cada um. Nos posts seguintes segue o resumo de cada capítulo.